A degeneração macular relacionada à idade (DMRI) é uma das principais causas de perda de visão em pessoas com mais de 50 anos, afetando a mácula, região central da retina responsável pela visão nítida e detalhada. Embora a DMRI não cause cegueira total, ela pode comprometer gravemente a capacidade de realizar atividades diárias como ler, dirigir e reconhecer rostos. Neste texto, vamos abordar as características epidemiológicas da DMRI, seus sintomas, como é diagnosticada e as opções de tratamento, com ênfase nas injeções intravítreas de antiangiogênicos.
Epidemiologia da DMRI
A DMRI é uma condição que afeta principalmente pessoas idosas, sendo uma das principais causas de perda de visão no mundo ocidental. Estima-se que cerca de 8,7% da população mundial tenha algum grau da doença, com a prevalência aumentando significativamente após os 60 anos de idade. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a degeneração macular relacionada à idade (DMRI) é responsável por cerca de 5% dos casos de cegueira global.
Existem dois tipos principais de DMRI:
- DMRI seca (não exsudativa): Representa cerca de 85% dos casos. Caracteriza-se pelo afinamento da mácula e pelo acúmulo de drusas (depósitos amarelos sob a retina).
- DMRI úmida (exsudativa): Corresponde a aproximadamente 15% dos casos, porém é a principal responsável pela perda severa de visão. Nessa forma, ocorrem vazamentos de vasos sanguíneos anômalos na mácula, danificando a retina.
Sintomas da DMRI
Os sintomas da DMRI podem variar dependendo da forma da doença. Na degeneração macular seca, a progressão é geralmente lenta e pode passar despercebida por muitos anos. Na DMRI úmida, os sintomas podem surgir rapidamente e incluir:
- Visão embaçada: A perda de nitidez na visão central é um dos primeiros sinais da degeneração macular relacionada à idade, tornando difícil realizar tarefas como leitura e escrita.
- Mancha escura (escotoma): Algumas pessoas podem perceber uma mancha escura ou “buraco” na visão central.
- Distorção das linhas retas (metamorfopsia): Linhas que deveriam ser retas, como as de portas ou calçadas, podem parecer onduladas ou distorcidas.
- Dificuldade para reconhecer rostos: À medida que a visão central se deteriora, reconhecer pessoas conhecidas pode se tornar um desafio.
Se você notar algum desses sintomas, é essencial procurar um oftalmologista especialista em retina para uma avaliação detalhada.
Diagnóstico da DMRI
O diagnóstico da degeneração macular relacionada à idade envolve uma série de exames oftalmológicos que ajudam a identificar a presença e a gravidade da doença. Os exames mais comuns incluem:
- Exame de fundo de olho: Utiliza-se um oftalmoscópio para visualizar a retina e a mácula, buscando sinais de drusas ou anomalias nos vasos sanguíneos.
- Tomografia de Coerência Óptica (OCT): Um exame não invasivo que captura imagens detalhadas da retina e permite observar a espessura da mácula e possíveis acúmulos de líquido.
- Angiografia com fluoresceína: Esse exame usa um corante injetado na veia para identificar vazamentos nos vasos sanguíneos da retina.
Esses exames são fundamentais para determinar se o paciente tem a forma seca ou úmida da DMRI e para guiar o tratamento adequado.
Tratamento da DMRI
Atualmente, não existe cura para a DMRI, mas há tratamentos que podem retardar a progressão da doença, estabilizar ou mesmo melhorar a visão, especialmente quando diagnosticada precocemente. O principal tratamento disponível para a DMRI úmida é a aplicação de injeções intravítreas de medicamentos antiangiogênicos, que ajudam a controlar o crescimento anormal dos vasos sanguíneos na retina e reduzir o acúmulo de líquido.
Antiangiogênicos Utilizados no Tratamento da DMRI
Os principais medicamentos antiangiogênicos disponíveis são:
- Avastin (bevacizumabe): Ele inibe o fator de crescimento endotelial vascular (VEGF), responsável pelo crescimento dos vasos anômalos.
- Lucentis (ranibizumabe): Esse medicamento foi especificamente desenvolvido para o tratamento de doenças oculares, incluindo a DMRI. Ele também inibe o VEGF e é um dos tratamentos mais utilizados no mundo.
- Eylia (aflibercepte): O Eylia bloqueia tanto o VEGF quanto o fator de crescimento placentário (PIGF), sendo eficaz para reduzir a inflamação e o vazamento de vasos na mácula.
- Vabysmo (faricimabe): Este é um antiangiogênico mais recente, que inibe dois alvos moleculares: o VEGF-A e a angiopoietina-2 (Ang-2). Ao bloquear essas duas vias, ele oferece uma ação prolongada e eficaz no controle da DMRI.
- Eylia HD: Uma formulação de alta dosagem do Eylia, foi recentemente aprovada para oferecer maior duração entre as injeções, o que pode significar menos visitas ao consultório e um controle mais duradouro da doença.
Como Funcionam as Injeções Intravítreas?
As injeções intravítreas são aplicadas diretamente no olho, no espaço chamado de vítreo. Embora a ideia de uma injeção no olho possa assustar, o procedimento é realizado com anestesia local e é indolor para a maioria dos pacientes. O oftalmologista determinará a frequência das injeções, que normalmente variam entre uma aplicação a cada 4 a 12 semanas, dependendo da resposta do paciente ao tratamento.
Outras Opções de Tratamento
Além das injeções intravítreas, outras abordagens podem ser consideradas:
- Suplementação vitamínica: Em casos de DMRI seca, suplementos com antioxidantes, zinco, vitamina C, vitamina E e luteína podem ser recomendados para retardar a progressão da doença. Estudos como o AREDS (Age-Related Eye Disease Study) mostram que esses nutrientes podem ser benéficos.
- Reabilitação visual: Pacientes com perda significativa de visão podem se beneficiar de terapias de reabilitação visual, que ensinam a utilizar melhor a visão periférica.
- Tratamentos a laser: Em alguns casos, um laser especial pode ser utilizado para destruir os vasos sanguíneos anormais na DMRI úmida, embora seja menos comum com o advento dos antiangiogênicos.
Conclusão
A degeneração macular relacionada à idade (DMRI) é uma condição séria, mas que pode ser controlada com diagnóstico precoce e tratamento adequado. Embora a forma seca ainda não tenha um tratamento curativo, a forma úmida pode ser bem controlada com o uso de injeções intravítreas de antiangiogênicos como Avastin, Lucentis, Eylia, Vabysmo e Eylia HD. Se você ou um familiar estão experimentando sintomas como visão embaçada ou distorcida, não hesite em procurar um oftalmologista para avaliação.